Antes de falar qualquer coisa aqui, neste espaço em branco e
despretensioso, eu preciso sofrer, calmamente, suavemente, delicadamente, todas
as nuances desta revelação!
Antes de desistir eu precisei entender como o ‘encontro’ da minha vida se
transformou naquelas cinzas solitárias que eu despejei com a alma sangrando sob
o solo fértil de outrora. “Eu semeei meus sonhos neste campo, por isso, pise
com cuidado, pois estás pisando em meus sonhos”.
As palavras são absurdamente perversas e perigosas, elas
aprisionam, iludem e maltratam, sobretudo, quando usadas por aqueles que jogam “ao
vento” textos românticos e coloridos de amor, quando na verdade... Na verdade tal amor jamais existiu!
No amor não se idealiza: constrói-se, destrói-se e se reinventa, nas
dores dos desafios diários do existir. Você foi o fel disfarçado de mel que
iludiu minhas noites de primavera. Eu poderia morrer por esta história, eu
seria capaz de subir na montanha mais alta e desafiadora apenas para te contar ‘aquele
segredo’, eu seria capaz de mentir para mim mesma durante as noites tempestuosas
só para encontrar verdade por detrás daquelas lúdicas e solitárias palavras... Só
para despir o véu dos teus olhos e fazer você sangrar a minha dor.
Eu posso dizer hoje que um dia eu “encontrei” o pior pesadelo que
eu já tive na minha existência na noite em que acreditei ter reencontrado algo
precioso, no “coração de um estranho encantador”, que na verdade, nunca
encantou, apenas iludiu... E como todo ilusionista, se valeu dos truques mais
diabólicos, o das palavras encantadoras e doces.
Palavras... Hoje apenas te vejo - de soslaio - desconfio das
tuas mensagens, das tuas “verdades”, posto que jamais trouxestes a
minha verdadeira paz!
Paz... Aquela que eu encontro no “meu mundo”, no lugar
mais sagrado da minha existência, onde o meu amor - meu anjo azul - dorme ao
meu lado e divide comigo a realidade do existir, sem palavras, sem ilusões,
apenas com gestos, pequenos, simples e verdadeiros. Eu sempre busquei este ‘lugar’
fora de mim também... Quando pensei que havia encontrado, percebi a peça
diabólica que a vida tramara em minha intenção! Errei, menti e rastejei apenas para
redescobrir a única coisa que sempre importou nesta vida.... As cinzas que
carregam teu corpo amado, sob o solo que cultivaste com ardor e amor, com
dedicação e solidão. Foi lá, diante da morte, em sua forma mais 'feia', que eu descobri
a verdade mais árida da minha existência e eu agradeço ao portador da ilusão por ter sido
mensageiro de amarga realidade.