domingo, junho 26, 2005

Qual a razão?

Enquanto lia mais um capítulo de madame Bovary, lembrei-me, de repente, das almas gêmeas.
Sempre houve um mistério tosco em torno das solitárias e errantes almas irmãs. Existiu um tempo em que nada era mais certo sob a terra como o fato de que a minha cara metade estava a me esperar em algum lugar. E quando selássemos este encontro, moveríamos céus e terra em infinitas noites de prazes e paz. Hoje, não costumo cultuar mais essa fascinante busca, embora saiba que, em algum lugar alguém sente por mim! Não busco ou idealizo este sonho inatingível de perfeição. Vejo apenas lindas histórias contadas com muito carinho e intensidade e sobretudo com uma imensa dor que um amor traz! Eu, de certa forma, me adaptei a este mundo que não me pertence e onde muito menos eu pertenço. Como uma estranha sobrevivo a espera do milagre, sobrevivendo a mim mesma, estafada de tanta mesmice e banalidade, enfadada de tanta demagogia e superficialidades. Superficialidade esta que é a salvação da humanidade. Nos aprofundarmos demais é perigoso e pode até matar.
Vejo na Tv escândalos políticos de um país em dacadência. Nesta hora, apesar da imensa solidão da minha alma, vejo que não estou sozinha. Um dia eu terei todas as respostas ou simplesmente as criarei. Talvez eu não chegue a lugar nenhum e essa aventura planetária seja só mais um erro do Big Bang.
Mesmo sem nenhuma razão da existência humana, há que se ver a sua beleza tão terna. E mesmo sem lógica, isso justifica a minha existência.

quarta-feira, junho 08, 2005

Ontem. Foi um sonho?

Ontem foi particularmente estranha e surreal a experiência que vivi. Eu estava ali naquele lugar frio e triste, com pessoas sentindo dor e esperando alguem aliviar mais do que isso, enquanto via de repente um sonho e uma agonia virar realidade. Eu pude estar tão próxima como nunca estive e talvez nunca mais esteja de alguém que eu sempre quis. Eu poderia ter sido muito mais intensa com a minha presença, só que não fui... Minha mãe olhava para mim e eu via nela uma filha perdida e sozinha procurando uma mãe. Eu olhava pra ela e pensava que eu tinha que dar um jeito logo "naquilo". Afinal, ela precisava de mim.
Próximo dali eu olhava para ele, deitado e sonolento, e sentia uma imensa vontade de ser especial, de fazer algo realmente especial, de cuidar e acolher de forma infinitamente especial....Mas, deixei toda essa mulher especial escapulir por entre os dedos e impotente eu lembrava de coisas do passado e de quantas vezes meus olhos cruzaram com aqueles negros olhos a me procurar, a me atormentar, a me pirraçar!!!
Quem sabe de alguma forma a ressonância das palavras intencionais que eu não disse ecoem dentro dele, e nesta hora ele sinta a minha falta e no concavo da sua alma, possa fazê-lo sentir-me?