Dizem que a morte faz parte da vida, assim como a velhice da juventude, a tristeza da alegria, a doença da saúde. Sempre tive dois grandes medos nesta vida, dar “aquele” adeus aos meus, e olhar no espelho e pensar: “quem é esta mulher?”. O tempo, de forma inexorável e quase desrespeitosa, vai levando tudo que vê em sua frente e se quer pergunta se você está preparado para continuar! Não há escolhas! Não há como "voltar atrás” e retificar alguma coisa, qualquer coisa, ou todas as coisas. Uma vez eu li que se você não gostasse do seu passado, você poderia simplesmente ignorá-lo e reconstruí-lo em sua memória, criando, assim, o passado que você gostaria de ter tido, mas e daí? Eu me pergunto: se eu recriasse a minha história, ainda que de forma lúdica e hipotética, eu não estaria forçosamente “criando” um outro eu? E quem garante que este “outro eu” iria gostar deste “outro passado”? Eu só sei que a morte e a velhice me apavoram, ambas na verdade são a expressão do fim! Uma do fim de tudo que nos rodeia nesta existência física (aí cada um pode ver este fim como O FIM ou um recomeço extra físico, que soa como um alento muitas vezes ou algo quase poético).
O fato é que eu não sei o que vem depois deste "fim" e a ideia de deixar de ser não me é nada agradável!!! A velhice nos mostra quão vulneráveis e efêmeros nós somos, ela, de forma quase sádica, nos força a viver tudo que é revigorante e animador na juventude, para depois nos colocar no nosso devido lugar: somos um pedaço frágil de vida que teve muita sorte por chegar à sombra do que fomos outrora. Ah, claro, há toda a sabedoria que a idade e maturidade nos trazem, e todos os erros que cometemos ficam tão escancaramente claros nesta etapa! O problema é que só serve de reflexão, não tem como fazer nada de prático para mudar o rumo dos erros passados. Há muita música nostálgica... Muitas fotos cheias de emoção de outrora - quase desbotadas pelo tempo que assola a sua própria imagem-, há a lembrança de dias tão distantes que parece que muitas vezes ocorreram em uma outra vida...