Porque é hora de dar adeus a tudo aquilo que não faz mais
parte da realidade, do presente, do doce amanhecer do agora. Porque é hora de
voltar a sorrir genuinamente, debaixo das árvores graciosas da Primavera
parisiense – sim, eu estive lá por duas vezes, mas na primeira vez foi cinza... Da segunda foi liberdade, sonhos e cores! Porque chegou a hora de
escrever outras páginas, belas páginas, neste livro encantador que trago nas
mãos, no coração, cravado na memória dos meus eternos dezesseis anos. Porque eu
aprendi a esperar a tempestade passar e ao mesmo tempo regozijar-me com as
gotas de chuva em minha janela nas manhãs cinza do outono, porque eu consegui
sobreviver ao gélido inverno daquelas almas que foram irmãs por algumas páginas
desta existência, porque eu consegui vestir
o meu melhor sorriso e caminha pelo sol tropical quando não havia mais lágrimas
para deixar para trás, assim, deixei para trás alguns sonhos dourados que
cultivei na tela prateada da esperança, bem como “that bitter tears” que
deixaram cicatrizes contundentes em meu coração. Precisei esperar o dia de
hoje, e exatamente hoje, por diversas razões emocionais, consigo sorrir com
leveza, ciente do caminho que começo a trilhar, ciente do que tive que, dentro
de mim, enterrar, para finalmente viver a promessa dos meus sonhos apaixonados.
Sim, foi secular o meu processo de elaboração - como em toda
a minha complexa existência – mas foi vivido! Meus fantasmas vieram na noite de
ontem me dar seu ultimo adeus, acordei ainda assustada, mas aliviada com a
descoberta que o sonho me trouxe.
E, sim, porque ninguém poderá tirar de mim a minha história,
porque eu tentei tantas vezes quanto achei necessário, enquanto havia coração,
e porque eu achei, novamente, o meu pulsar nesta caminhada.
Adieu Monsieur.