domingo, março 23, 2014

Refletindo

"Every time I see you falling

I get down on my knees and pray
I'm waiting for that final moment
You'll say the words that I can't say"

E a cada dia que passava minha confusão aumentava... Foi assim que eu cheguei até aqui, até este momento decisivo de minha vida - momento este que já dura uma pequena eternidade, confesso. Mas... Foi caindo, sonhando, desiludindo, acreditando... E sempre acreditando de novo, que eu pude adquirar, em doses mais animadoras, a tal integridade que meu sábio amigo me ensinava desde a minha pós adolescência! Aliás, que saudade! Saudade destes amigos, destas conversas - sempre recheadas de momentos mágicos e surreais- saudade do primeiro momento em que assumi e decidi os rumos da minha existência. Não, hoje eu não carrego arrependimentos ou amarguras, carrego a certeza de que tudo aconteceu exatamente como tinha que acontecer, aconteceu exatamente na medida em que eu permiti! carrego a certeza de que quem partiu perdeu seu 'pedaço' em mim que se afogou, no silêncio asfixiante das palavras que nunca foram ditas. Carrego a saudade doce e difícil da ausência física do meu pai - pois sua ausência emocional eu já vinha sentindo há um tempo, e sei o quanto ele lutou para estar ali! Lutou, corajosamente, até o ultimo instante!
Sinto compaixão de parte do meu passado e também tranquilidade. Sinto que a felicidade nunca é, sempre esteve, por alguns instantes, aqui, por ai, e eventualmente estará outra vez. Sinto vontade de conversar longas madrugadas com os anjos e demônios que habitam esta existência. Sinto saudade das chuvas que lavavam a terra e a alma.
Então, como um guerreiro ferido eu me retiro, me curo, cicatrizo minhas feridas a ferro e fogo, e volto mais forte e intensa, ansiosa para descobrir qual será o próximo desafio do existir! 


sábado, março 08, 2014

De volta pra casa.





Eu só queria “voltar para casa”! Eu só queria uma única chance de voltar para o “meu lar”, para o único lugar no mundo onde eu fui inteira, integra e até feliz! 'Anjo, onde estás que não vieste segurar a minha mão tremula enquanto eu chorava por você? Por que não estás neste mundo?'

Eu não paro de pensar nas cinzas, nas cinzas das memórias que já se foram, nas cinzas de um futuro que nunca chegará, nas cinzas do meu pai derramadas sob o solo fértil que ele mesmo plantou - com seu suor e dedicação! Porque, no final, tudo vira cinza! Porque no final as lembranças dos dias azuis são tudo que carregaremos nesta bagagem invisível do existir!

Eu sei o quão perversa eu posso ser, eu sei o quão fundo as palavras podem atingir, e pior, o quanto o silencio pode destruir! Eu já estive “do outro lado da quadra” e deste mesmo jogo! Mas agora eu desisti de jogar ‘limpo’ e apenas vou jogar para sobreviver! Cansei... Não sei! Resolvi me permitir.


“I was in your arms thinking I belonged there. I figured it made sense. Building me a fence. Building me a home. Thinking I'd be strong there. But I was a fool. Playing by the rules”.


Que saudade dos teus braços, das tuas mãos, do teu amor indelével, meu pai! Que vontade de renascer de novo em você! Que saudade de ser criança nos teu colo protetor e observar, avidamente, as tuas palavras, me ensinando a ser paciente, a ser honesta, a ser esperta, a ser uma atleta! Ensinando-me a ser feliz! Que saudade de jogar com você, nos tabuleiros, nas quadras, na vida! Que saudade de tudo que eu nunca mais poderei viver ao teu lado, desde que estavas ainda aqui, ceifado de si mesmo, em um ‘casulo’ fragilizado, onde eu não podia mais te encontrar.

Que saudade de casa!

quarta-feira, março 05, 2014

Palavras...




Antes de falar qualquer coisa aqui, neste espaço em branco e despretensioso, eu preciso sofrer, calmamente, suavemente, delicadamente, todas as nuances desta revelação!

Antes de desistir eu precisei  entender como o ‘encontro’ da minha vida se transformou naquelas cinzas solitárias que eu despejei com a alma sangrando sob o solo fértil de outrora. “Eu semeei meus sonhos neste campo, por isso, pise com cuidado, pois estás pisando em meus sonhos”.

As palavras são absurdamente perversas e perigosas, elas aprisionam, iludem e maltratam, sobretudo, quando usadas por aqueles que jogam “ao vento” textos românticos e coloridos de amor, quando na verdade... Na verdade tal amor jamais existiu!

No amor não se idealiza: constrói-se, destrói-se e se reinventa, nas dores dos desafios diários do existir. Você foi o fel disfarçado de mel que iludiu minhas noites de primavera. Eu poderia morrer por esta história, eu seria capaz de subir na montanha mais alta e desafiadora apenas para te contar ‘aquele segredo’, eu seria capaz de mentir para mim mesma durante as noites tempestuosas só para encontrar verdade por detrás daquelas lúdicas e solitárias palavras... Só para despir o véu dos teus olhos e fazer você sangrar a minha dor.

Eu posso dizer hoje que um dia eu “encontrei” o pior pesadelo que eu já tive na minha existência na noite em que acreditei ter reencontrado algo precioso, no “coração de um estranho encantador”, que na verdade, nunca encantou, apenas iludiu... E como todo ilusionista, se valeu dos truques mais diabólicos, o das palavras encantadoras e doces.

Palavras... Hoje apenas te vejo - de soslaio - desconfio das tuas mensagens, das tuas “verdades”, posto que jamais trouxestes a minha verdadeira paz!

Paz... Aquela que eu encontro no “meu mundo”, no lugar mais sagrado da minha existência, onde o meu amor - meu anjo azul - dorme ao meu lado e divide comigo a realidade do existir, sem palavras, sem ilusões, apenas com gestos, pequenos, simples e verdadeiros. Eu sempre busquei este ‘lugar’ fora de mim também... Quando pensei que havia encontrado, percebi a peça diabólica que a vida tramara em minha intenção! Errei, menti e rastejei apenas para redescobrir a única coisa que sempre importou nesta vida.... As cinzas que carregam teu corpo amado, sob o solo que cultivaste com ardor e amor, com dedicação e solidão. Foi lá, diante da morte, em sua forma mais 'feia', que eu descobri a verdade mais árida da minha existência e eu agradeço ao portador da ilusão por ter sido mensageiro de amarga realidade.