Folhas secas. Novas estações,
novos ciclos. Ciclos divinos! Tudo se repete e nada é mais do mesmo jeito que
já foi um dia. A primavera voltou, voltou parecida com todas as outras, mas
completamente diferente de qualquer outra primavera já respirada pela minha
alma. Sinto saudade, sinto falta, sinto muito!
Olho no espelho e vejo os mesmos
olhos grandes cor de mel dos meus cinco anos. Olho no espelho e vejo outro rosto. Mais maduro, mais
mulher, mais primavera! Olho no espelho e vejo um caminho...
Olho os pedaços de papel à minha
volta, todos em branco esperando pelas folhas secas do outono para tingir as
suas novas memórias. Sinto saudade das madrugas de estrelas cadentes e “lês miserables”
preenchendo todo vazio do espaço. Ouço uma canção, volto no tempo e revivo meus
dias de gloria. Sou feliz ali, no único lugar deste mundo onde se pode ser
plenamente feliz, na memória feliz do passado. Os violinos tocam, as flautas
encantam, os cabelos se perdem no vendaval da esperança... Esperança de um dia
realizar todos os sonhos sonhados nas madrugadas quentes do verão cintilante de
outrora. Esperança do “sim” da redenção encher meus invernos de cobertor e bolos
quentes. Esperança de um dia olhar para trás e perceber que cumpri a missão
sagrada que me comprometi um dia, lá atrás, no alto da colina mágica - ajoelhada sobre as mais belas imagens que a
vida já plantou no meu caminho! Estou em paz, por um instante sinto a
felicidade bater em minha vida, estou viva, estou aqui, caminhando, continuo
acreditando e indo na direção das promessas feitas pelos corações juvenis. Estou
lutando, respirando e me renovando a cada estação, com a mesma força e fé da
primeira vez!
Amém.