quarta-feira, maio 25, 2005

Finito Amor


Sentir sobre a minha carne o calor do teu corpo nu e a angústia de perpetuar em cada milimetro de tempo o prazer. Às vezes, na felicidade cadente de alcançar os céus, tenho pena de nós que tornamos finito o amor.

quarta-feira, maio 18, 2005

Valsa de Sonhos

O vento frio ronda e distrai a madrugada pesada e escura. Lá no horizonte existe uma idéia, uma frase, um sinal de que atravessando a tempestade e escalando as montanhas mais ásperas da história haverá um tesouro guardado esperando por nossas mentes transbordadas de ideologias e sons. Bandolins encerram a cantiga da noite e uma menina dança a última partitura. A chuva enche seus pés de lama e sua alma de alegria. Ele olha para ela como se contemplasse o nascimento de Cristo, ela fita seu olhar fixo e continua rodando no centro, sua saia esvoaçante atrai vagos olhares à seus pés enlameados, embebedados de sons e de vida, e ela valsa como uma criança e a fada do seu botequim. Assiste sua última e eterna dança, entre as águas e a lama, entre a terra e os homens, entre o prazer e a dor, o amor e o pavor. Ela valsando como um anjo ingênuo e cristalino e ele bebendo o seu mais profundo prazer entre sorrisos e sonhos.

terça-feira, maio 17, 2005

A Maquina Mágica

Quando eu era criança costumava subir no alto de uma goiabeira no sítio onde eu morava e ficava olhando para o céu esperando os aviões passarem. Ficava imaginando para aonde aquelas máquinas do tempo estariam carregando as pessoas.
Para mim os aviões sempre foram mágicos.... Assim como a minha mãe. Aos cinco anos de idade descobri a pessoa mais enigmática do planeta, mais bela e forte, mais linda e sensível: a minha mãe!Para mim ela era simplesmente um anjo. Mas, talvez aos cinco anos de idade todos nós pensemos que as nossas mães são como anjos, porém, havia algo mais forte e intrigante nesta relação, ela era humanamente errante! Como um humano qualquer. E mesmo assim eu a amava e a admirava como uma santa no altar. Ahhh os meus cinco, seis, sete anos.... ahhhh a minha infância cheia de maquinas mágicas que cruzavam os céus e com criaturas celestiais vestidas de mãe..... ahhhhh que saudade dessas certezas!
A felicidade talvez seja um lugar no tempo onde nada nem nenhuma verdade possa destruir a nossa paz.

segunda-feira, maio 16, 2005

Cathy

"Meus maiores sofrimentos neste mundo têm sido os sofrimentos de Heathcliff; fui testemunha deles e senti-os todos, desde o começo. Meu maior cuidado na vida é ele. Se tudo desaparecesse e ele ficasse, eu continuaria a existir. E se tudo o mais ficasse, e ele fosse aniquilado, eu ficaria só num mundo estranho, incapaz de ter parte nesse mundo. Meu amor por Linton é como a folhagem da mata: o tempo há de mudá-lo como o inverno muda as árvores - isso eu sei muito bem. E o meu amor por Heathcliff é como as rochas eternas que ficam debaixo do chão; uma fonte de felicidade quase invisível, mas necessária. Eu sou Heathcliff. Sempre, sempre o tenho no meu pensamento. Não é como um prazer - porque eu também não sou um prazer para mim própria - mas como o meu próprio ser. "

sexta-feira, maio 13, 2005

Sua Melodia

Você é uma pintura com símbolos fundos.
Uma sinfonia, macia como as luzes da escuridão.
Um poema que flui, enquanto acaricia a minha pele.
Em todas estas coisas reside você. E eu quero fluir
Desta caneta, papel e tela com tintas e cores para espalhar
No ar sua luz matutina até a escuridão da noite.
Esta é a minha prece, eu pertenço a você.
Esta é minha chamada, cantar a sua melodia.
Esta é minha razão, eu não posso fazer nada mais....
Nada mais...
Você é o cheiro de uma flor encontrável
Uma melodia simples, eu só escrevo variações para
Uma chave que destrancará a porta onde eu posso ouvir uma voz cantar temas familiares.
Então me acene e teça notas entre um arco e um fio, um pesadelo e um sonho,
Entre a luz matutina e a escuridão da noite.....

quarta-feira, maio 11, 2005

O Mistério da Vida

Um dia desses eu estava pensando sobre a razão da nossa existência. Aliás, desde muito novinha sempre especulei, sem muito sucesso, acerca desse tema. Essa resposta ainda não encontrei e talvez nunca a encontre, embora eu acredite que invariavelmente para todas as perguntas exista uma resposta no universo, mesmo que nós ainda não sejamos capazes de compreender. Bom, nessa minha divagação de pensamentos me peguei simplesmente pensando que o acaso também é uma possibilidade, que os meus sofrimentos e angustias podem ser por acaso, que o acaso pode ser o motivo de tanta dor, alegria e tristeza em minha alma e que, por que não, o acaso poderá ser também o responsável pela minha "ida".
O acaso é assustador!!!! E de repente descobri o que tanto me incomoda nessa questão da nossa existência..... O acaso!

terça-feira, maio 10, 2005

Tempo perdido no tempo....

Hoje é apenas mais um desses dias perdidos no tempo das nossas vidas e eu me pergunto:
Quantas vezes eu já estive aqui, neste lugar?
Quantas vezes eu não já sofri esta mesma retaliação, esta ação gratuita e destrutiva que é conviver em sociedade?
Quantas vezes eu não já chorei por estes mesmos motivos de hoje, só que com outros nomes, faces ou cores? E, hoje é só mais um dia perdido na imensidão deste tempo vã e sem razão.... Tempo que não devolve a esperança e a juventude, tempo que mata de saudade e morre ao passar das horas. Tempo que poderia ter me salvado se tivesse esperado só mais um pouquinho!
Hoje não é nada. Nada de mais.... E, talvez eu nunca mais vá lembrar que hoje sequer existiu, mas certamente as cicatrizes que o tempo fizeram agora em meu coração perdurarão
por toda a eternidade e só assim, neste momento, eu saberei que hoje não foi só mais um sonho.... Só assim eu lembrarei que hoje tive todas as novas chances para mudar o mundo e nada fiz. Nessa hora, certamente, será tarde demais porque o valor do hoje so é percebido no amanhã, quando tudo já é tarde demais.