Ando escrevendo muito ultimamente. Pena que dou mil voltas e acabo falando das mesmas coisas, com as mesmas palavras e os mesmos cansativos sentimentos. Engraçado, eu sempre falei tanto que a vida era como uma grande montanha, onde a cada subida e a cada nova curva vislumbramos novos horizontes, os quais justificavam o temporário desconhecimento sobre nós mesmos, e sobre as decisões que a vida as vezes nos coloca guela abaixo. Estranho como é difícil deixar a vida falar, levar um pouco a gente, e ao mesmo tempo é o caminho mais fácil e o que menos aceitamos. É hilário como nos iludimos achando ter as rédeas de alguma coisa. Não temos nem a nós mesmos! Sequer sabemos o que nos originou! Não podemos garantir o nosso passado que dirá...
A minha força acredita que eu faço diferença sim! Que se eu não existisse algo não estaria perfeito, algo não faria sentido. Eu sou uma peça tão insignificante quanto fundamental nesta imensidão do universo. Voei por várias vezes como uma anjo caído atrás de uma ilusão e por muitas noites foi esta que me alimentou e me deu razão. Não quero simplesmente apagar a minha história, não quero me bastar e ser uma ilha de solidão quase tranquila, quase silenciosa, quase perfeita. Não quero me conformar só porque não tenho as respostas. Pouco me importa se vai haver algum sentido para o sem sentido do viver. Pouco me importa se está tudo evaporando ou se transformando em sei lá o quê. Eu quero agora é gritar bem alto e acreditar nos olhos de algum estranho, qualquer um, que tenha coração. Eu quero agora alimentar a minha dor até ela morrer de tédio, enfartada dela mesma. Quero viver a minha revolta devagar e intensamente. Quero deixar a garotinha quase perfeita do papai pintar as paredes do mundo e mostrar que não é uma santa, que chora sempre quando sente medo, que sofre sempre quando sente dor e que sonha sempre... sempre com um dia melhor.
Por Deus! Onde eu estava que não vi aquele homem ao pé da escada a me olhar escandalosamente com uma sede de vida e uma ternura quase juvenis? Onde eu me escondia que não esbarrei naquelas mãos tolas e lindas a me buscar, a me atormantar, a me fazer delirar? Como um anjo pode ser mortal de repente? Como um santo pode morrer sem altar simplesmente? Como um "anjo" pode ter a chave de toda a beleza, ternura e magia do mundo? Como sou boba e alegre nestas horas em que deixo a menina correr descalça pelo jardim e pela casa, arrastando tudo que há pela frente na barra da sua saia, cheinha de vida e encantamento. Cheinha de sonhos e ilusão. Cheinha de desejos e fantasias.
Correndo só com o coração.