sábado, outubro 29, 2005

Hurricane

Sim, chego em casa e vejo tudo em seu lugar, tudo, menos eu. "Hurricane" toca no rádio e lembro de trechos e forças... Enquanto Bob Dylan narra “sua história" eu sinto uma fúria dentro da minha. Minha linda e inefável historinha! Inefável, ô palavrinha meio brega, ideal para o que quero dizer agora. Desculpe-me quem me ensinou, não foi essa a minha intenção, mas, certamente ficou clara a minha "tradução".
Ouvi mil coisas hoje... Confissões e sentimentos. Nada faz sentido quando racionalizado demais. Por isso eu apenas aumento o rádio e vou junto com a fúria do furacão! Quem poderia me deter? Quem vai me parar? Ahhhhh de vez em quando sentir um vinho quente no sangue é inebriante. A quem eu quero atingir falando assim? Qual dos meus fantasminhas favoritos estão por aqui? Sonhei com meu irmão, foi um sonho longo e confuso, ele não tava bem e eu tava muito ansiosa. Perdi a chance de vê-lo outra vez! Falei como tanto queria com o meu outro sangue, finalmente ele se deu conta de que precisa de mim! E que eu nunca ficaria contra ele. Por nada nessa vida! Admiro-o tanto, meu irmão, meu sangue, meu ídolo, uma das razões da minha vida! Você anda exausto e eu sofro por não poder te ajudar mais.
Andei lendo alguma coisa sobre sentir o momento presente para não deixar escapulir o agora. Nem falo mais sobre o que o agora representa para mim, isso é mais que repetitivo, e acabo criando uma obrigação mental de escrever e de me superar. Impossível! Nem sempre quero escrever ou consigo encontrar as palavras certas para o tal do “agora”. Acho um saco cobranças e prefiro continuar aqui escutando a história do furacão. Gosto da indignação na voz “dele”, gosto da sua revolta e ironia não tão veladas na música, acho que é assim que me sinto. Mas, eu juro, não vou permitir que nenhuma “gracinha” me tire do sério. Nem adianta espernear! Pode se matar! Eu não to nem ai. Estou muito ocupada comigo mesma neste momento, me desculpe, mas, eu tenho que continuar escutando a “minha música" e deixar o "meu furacão” varrer toda essa coisa.
Antes que eu me esqueça, não posso deixar de me sentir enternecida com as lindas poesias que escutei! E a música é longa... E me dá mais vontade de continuar... Eu vou aprender para ensinar melhor... E depois ainda voltarei neste texto, neste dia, só para ter certeza de que eu estava no caminho certo!

quinta-feira, outubro 27, 2005

Saudade? Que Falta....

Uma vez me disseram que sentir saudade é diferente de sentir falta. Eu nunca havia parado para pensar na sutil diferença entre os dois sentimentos. Sentir saudade remete a algo que nunca tivemos mas, que persiste dentro de nós, na ânsia de encontrarmos. É aquela velha história de: “sinto uma saudade de não sei o quê...” E sentir falta é a “saudade” de algo que já vivemos, que já presenciamos e que queremos de volta. Pode ser uma pessoa, um lugar, um estado de espírito, um sonho na noite.... Enfim, é a falta daquela energia que nos fez tão bem, que esteve, em algum momento, preenchendo a nós mesmos.
Hoje sei bem quando sinto saudade e quando sinto falta. A saudade está transbordada em tudo que eu escrevo, sinto, penso.... É o que me motiva a continuar, para chegar, quem sabe, lá no lugar onde matarei minha saudade para sempre e ressuscitarei novos desejos.
A minha falta também é intensa.... Sinto tanta falta de coisas, lugares, sentimentos.... Falta de sonhos.... Falta de você! E, às vezes, reinvento em minha cabeça todo o meu passado... Só para poder buscar em algum lugar o meu momento exato. Às vezes sinto tua presença ao meu lado, posso sentir tuas mãos em mim, tua respiração no meu rosto.... Então, por isso, eu falo: Deixa a tua janela aberta e quem sabe não consigas me perceber, agora, ai, ao teu lado, carregada de pensamentos.... No vento.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Dormindo...


uma noite dessas sonhei que te perdia, e quando acordei vi que estavas ao meu lado e pude ouvir a tua respiração. Eu fico imaginando como e quando aprendemos essa linguagem secreta. Eu só sei que em certos momentos, no meio do silêncio, eu escuto você.
Uma noite dessas eu fui lá na gruta mágica, estava linda a noite e a lua cescente prateava o lago dos meus sonhos e sorrisos refletios na água. Eu passeei pelas pedras azuis e gentilmente caminhei sobre todos os sonhos que já vivi ali. Depois de muita paz resolvi voltar a Tebas, de muitos anos atrás, e lá vi o seu céu cintilante me dizendo que sim... Eu estava lá e pude escutar a melodia que da tua boca saia... Deixando-me levar, de novo, para o mesmo transe sem fim.
Quando não pude mais evitar e nem queria mais te afastar beijei a noite estrelada e voltei para o topo da montanha, onde pude ver o mar se arrebentar contra as rochas; e desta forma, sussurrar em meus ouvidos que o sol acordaria lindo amanhã. Agora, apenas sinto o vento lambendo o meu corpo nu e a água do mar me acariciando lenta e agressivamente. Apenas olho a noite e vejo na lua o mesmo mistério que ronda a minha existência sem explicação. Apenas espero ver onde vai nos levar o trem que leva o meu coração em vagões perdidos de tantos sonhos e amores mofados do passado.
Agora, que volto para cá, ainda que em sonho, olho nos teus olhos e me vejo refletida da forma mais inteira.... Apenas consigo me ver em você.

domingo, outubro 16, 2005

Descobri...

Uma vez eu li que existem três coisas que devemos fazer na vida, são elas: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Destas, pelo menos a minha árvore eu plantei. Poderei escrever algum dia, afinal, material eu tenho de sobra, mundo de palavras escritas em livros e diários. Quero trilhar o meu caminho nesta vida, onde algumas pessoas ao meu redor deverão ser como o sol ou a chuva: passageiras, necessárias e infinitamente constantes. Pessoas as vezes são barreiras, que por sua vez, serão só momentos, assim como eu escrevendo isso agora. Como tudo na vida eu sei que amores sempre vêm e amores sempre vão, mas quem poderia estar partindo agora? Se tivesse gastando um pouco de tempo para esclarecer as coisas, certamente, estaria com minha cabeça deitada no travesseiro sabendo que eras "meu". Decisões, agora, só iriam simplificar ou complicar demais as coisas! E eu quero vivê-las, apenas isso! De que irá valer "pular fora" sempre que algo esteja fugindo ao meu controle? Onde irei parar se tudo o que eu fizer estiver sempre em minhas mãos? Certamente em uma vida muito arrumada, previsível e morna. Seria tudo tranqüilamente cinza. Do que adianta fugir de mim mesma? O que conheço ainda é tão pouco e "crescer" incorre sempre em riscos... Chega a ser excitante quando usados a nosso favor.
Já li vários livros e já busquei respostas em religiões, oráculos, filosofia e seres humanos, de alguma forma, tudo me responde a mesma coisa com dezenas de caminhos diferentes. Esse é o mistério. Não é a resposta. É o caminho! E qual é o meu, agora? Aprendi que há várias formas de ver a mesma coisa e conhecer a mesma verdade. Descobri que a força de uma paixão ou a simples necessidade de provar algo a si mesmo nos faz rastejar muitas vezes e perder qualquer controle e senso de limite. Mas qual é o limite? Que tipo de vida é essa? Que regras são essas? Quem as criou? Descobri que para ser valorizada tenho que estar muitas vezes em segundo plano. Descobri que muitas vezes fui usada por pessoas que eu acreditava e julgava tão "minhas" como sei que estrelas existem no céu. Mas quantas vezes usei também todos os "santos" que por mim passaram? Porque não sou santa! E só respeito às minhas próprias tradições e leis. A vida nos força a uma farsa. Um grande teatro ondo tenho o meu papel assim como todos os outros, mas existem momentos em que preciso tanto da verdade! E pode ser tarde demais... faz parte do jogo e todos somos convidados a participar, não há como fugir disso, não adianta criar situações, afinal, faz parte da "festa" e se a máscara cair a queda pode ser grande demais. Então, temos que escolher entre: viver ou sofrer. Viver inclui mentir, fazer o papel hipócrita da sociedade que nos espera, com direito a jantares sem fome e sexo sem amor. Enquento sofrer é ser ingênuo como uma criança e deixar que o mundo veja seu soriso estampado no rosto... Sem culpa... Transbordando de esperança.... Mas, de repente, mostrar esta criança é dar ao mundo uma arma a mais para ele te machucar: Você!
Quem nos fez acreditar neste absurdo? Quem pôde ser capaz de forçar-nos a apagar e esconder o que de mais caro temos? Por muito tempo fiquei sem saber qual a minha escolha. Não queria sofrer...Mas não podia matar meu lado mais real, mais nobre...Não podia me anular... Ainda que sofresse...Ainda que chorasse. Desobri que seja qual for a escolha o importante é continuar em frente e ver o que o caminho tem a dizer. No final, esta será a nossa única bagagem mesmo. Acredito que invariavelment existe o lado bom em todo e qualquer caos e que, nem sempre o caminho mais curto é o melhor, ou ter um ombro para chorar as nossa dores é o mais necessário. Também descobri que "Deus não é tão mal assim"... Como ouvi na canção.... E que só o futuro tem as respostas que não são estáticas e nem necessáriamente satisfatórias.... Tudo isso ainda depende do agora. Descobri que viver e me entregar é a experiência mais mágica que pude presenciar. Quem poderá me culpar? Quem poderá me machucar agora, que estou cercada de mim mesma e saio pelo mundo com os grandes olhos arregalados e com o meu mais potente escudo?
O meu sorriso de criança.

segunda-feira, outubro 10, 2005

Passado no Futuro...

Que loucura é essa, meu Deus? De repente parece que todos resolveram se unir só para me confundir, só para me arrastar de novo para uma sansara de noites em claro e sem respostas? Foi forte sim. Fortes palavras e violentas emoções. Típicos da minha vida, mas não me tirou do chão! E isso é estranhamente libertador. Pra que me preocupar se o mundo sente, ou não? Se o mundo quer, ou não? Se vou perder tudo agora, ou mais tarde? Como se eu pudesse evitar... Não tem explicação e nem necessidade. Se eu tivesse, agora, todas essas respostas, que diferença faria, hein? O que importa realmente? saber ou viver? Tenho escolhido viver, viver sem saber e tem sido tão bom.... Fácil.... Noites calmas, dias tranquilos, sem buscar razões, sem querer explicações.
Mas agora que tudo se acalma, alguém resolve voltar do passado e bater na minha porta forçando-me a ter que pensar em respostas! Forçando-me o tomar decisões e a adivinhar emoções e sentimentos! Não! Não dá mais para desaprender, não dá mais para retroceder, não dá mais pra nós dois amor.... não assim.... não sem mim. Hoje só cabe eu mesma neste conto de fadas. Hoje eu comecei a tomar coragem e dei os meus primeiros passos. Hoje sou mais íntegra e mais responsável por essa tal integridade. Meu amigo me ajudou a descobrir a sutil diferença entre felicidade e integridade, meus amigos de verdade estão aqui! Posso vê-los com nitidez, porque eles estão refletidos no vento da noite cheia de promessas; e, sobretudo, cheia de amor. Um amor que traz liberdade e serenidade. Hoje, só serve se for livre, inteiro e íntegro. Afinal, que diabos eu vou fazer num caminho que além de não levar a lugar nenhum, ainda por cima, não tenha coração? E sempre tomarei muito cuidado, pois pedidos feitos em prais desertas realizam-se, sim! E, apesar de toda loucura, meu coração já disse que sim. E eu vou continuar quantas vezes ele julgar necessário.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Tempo de sua vida

Qual terá sido o "tempo" da minha vida? Aquele momento exato que justifica o meu viver. Aquele lampejo de sensação que traz todas as razões sem lógica ou regras. Aquele instante que captei na sutileza de um dia comum. Enquanto escutava uma música refletia sobre as lembranças que trago, sobre as tatuagens de memória cravadas em minha alma e que fazem com que todo o tempo tenha valido a pena o tempo todo. Passei dias diferentes, irreverentes, livres... bons tempos, boas tatuagens de memória... onde ficamos expostos ao sol e ao invés de "chegarmos queimados", chegamos "levemente bronzeados" e alegres. Isso é que faz sentido! Finalmente alguma coisa se encaixa. Estranho como estou cheia de coisas para falar, contar, sentir mas não consigo ordenar meus pensamentos de forma linear e tranquila. Não consigo achar as palavras que traduzam o que sinto. Pobres palavras! Recuso-me a minimizar o que sinto às tão simples e rasas palavras. Seria roubar muito de mim mesma tentar escrever agora.