Todo fim
merece atenção, todo término merece consideração, pois ele não tem mais o
frescor do começo cintilante, nem a magia dos segredos ainda não
desvendados, nem as primaveras radiantes de esperança. Ele é cinza como
as folhas secas do outono, não possue o ardor dos beijos apaixonados e
da saudade que aperta o coração, da sensação de impotência ante a
ausência do ser amado, ou mesmo da sensação de morte em vida ante a vaga
ideia do “seu partir”.
Acredito
inexoravelmente que todas as pessoas cruzam em nossas vidas tão
casualmente quando deterministicamente, ou seja, de alguma maneira elas
“passam” por nós, em pontos inevitáveis, mas são nossas emoções,
pensamentos e ações que as mantém presentes em nosso universo. E ao ser
indagada qual seria o tamanho do meu universo eu percebi que este é do
exato tamanho do meu mundo que, por sua vez, é do exato tamanho dos meus
sonhos. E meus sonhos são ilimitados!
O término
é a experiência em vida mais próxima que temos da morte, por isso nos
angustia, nos entristece, nos amedronta, por isso as vezes até nos
enlouquece, ainda que queiramos, saibamos e busquemos este fim, ele
sempre traz o que de pior há no mel daquele começo entorpecedor: o
amargo do fel!
Saber que
alguém saiu da sua vida e deixou em você marcas profundas de um “lugar”
quase perfeito onde um dia foram felizes é o único e maior patrimônio
emocional da existência humana, que na verdade é feita exatamente disso:
da maneira como nós percorremos o nosso caminho! Mas quando este alguém
apenas deixa para você, como legado, indiferença, cicatrizes fundas e
desprezo, pode-se dizer que o tempo parou “por muito tempo” e deixamos
de viver de verdade! Afinal, se há desprezo após o amor, é porque nunca
houve amor, logo, tudo sempre foi uma mentira, e na mentira não há nada
que possamos “carregar” na bagagem do aprendizado e crescimento
interior, apenas mágoa!
Evidente
que as coisas não existem com uma finalidade exclusiva de eternidade,
elas existem com a exclusividade única de nos fazer feliz enquanto
perpassarem pelas nossas vidas! Romper com alguém dói, ver alguém ir
embora dói, mas certamente o que mais dói é quando este alguém não teve o
cuidado necessário com este evento tão importante chamado despedida!
Como dito anteriormente, ela não é bela como o sol brilhante do verão,
ela é fria como as noites tempestuosas do inverno, ela não é alegre e
cheia de mil possibilidades, ela é triste e carrega o vazio do luto, mas
necessário, para que possamos seguir adiante. Quem não respeita este
momento da despedida, quem tolhe do outro esta necessidade sagrado de
vivenciar o término (que jamais é individual) se quer tem respeito à
vida. A despedida merece o mesmo carinho, aliás, maior zelo até, do que o
momento da "chegada", pois a despedida simboliza tudo que temos como
inevitável e finito (a evelhice e a morte), quem não respeita isso, não
respeita a vida, não respeita a velhice que enxota toda a juventude
radiante de dentro das nossas almas juvenis, não respeita o que foi vivido com
aquela outra pessoa, em um momento em que seus mundos eram um só, em um
momento em que, na tela prateada da ilusão humana, foram felizes e
únicos. Quem não respeita o momento do Adeus, não merece respeito pela
vida, pois a ela desrespeita acintosamente cerceando este momento sagrado!
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