segunda-feira, março 27, 2006

Foi assim que eu o vi pela primeira vez...

No teatro, de longe, olhava o nada e me deparei com a única coisa que realmente me importa: você. Até aquele dia eu não sabia o que estava fazendo por aqui... Até o dia que te encontrei em mim.
"Doce dama profana da noite. Bandida de sonhos fugazes e delirantes. Quem és tu que consegues disfarçar toda luxuria em face de anjo encantado?".
Eu vi a resposta naquela escada (Sempre tem uma escada em meu caminho). Os degraus que me separavam de você foram vencidos pela sua subida... Pela sua busca.
Sonhei que você morria. Foi triste.
Você morreu e todas as suas coisas estavam ali, intactas, sobre os móveis do quarto, no mesmo lugar... Esperando-te, para nunca mais você voltar.
Não queria que fosse assim. Quis gritar: não se vá! Não ainda. Fique só mais um pouquinho... Um pouquinho só... Mas, você não estava mais lá, e só restavam as suas coisinhas e pedaços de fotografias na parede e no armário; no meu coração em pedaços. Por que você partiu?
E tua juventude? A tua beleza arrogante? Toda aquela alegria que irradiava do teu sorriso maroto?
As lágrimas caem protestando a tua ausência. Meu corpo todo gela em um ataque de ódio à vida... À tua “ida”.
Sonhei que te buscava através da chuva e não escutava o que tanto querias me dizer. Isso me angustiava porque eu precisava saber, mas, agora, isso não tem mais a menor importância para mim... E é triste perceber que nada mais me importa “naquilo tudo!”.
"- Aonde você estava? Eu vou noivar com você!".
A mistura de situações e emoções só estão refletindo o meu interior em pedaços... Quem o deixou assim?
Eu mesma. Evidente! Ninguém é culpado a não ser eu, que permiti essa invasão.
Voltando ao “nosso real” momento; percebo seus olhos, cor do céu, iluminando minha vida. Transformando a minha agonia em paz.
Meu querido, eu estou aqui! Pode dormir em paz, pois velarei por toda a eternidade o teu sono delicado e vigiarei com todo cuidado para que não perturbem o teu doce semblante enfeitiçado, meu amor.
Você é tudo pra mim! Meu sol e minha lua. Minha verdade mais absoluta, a revelação dos meus segredos, e eu pintei você com as cores mais belas desta floresta. Você sempre me coloriu com seus símbolos mágicos. Meu poema predileto é tua palavra que flui no papel que cria vida própria por ti. Você é o cheiro de uma flor encontrável, uma simples harmonia onde escrevo, apenas, fragmentos da tua magia em meu diário juvenil... Minha verdade!
Volte pra "casa", volte pra nossa sebe molhada. Só você sabe destrancar esta porta onde eu posso escutar canções familiares. Seus gestos me envolvem em notas imaginárias... Um laço e uma corda.... Um anjo e um demônio... Um santo e um ateu...
Meu chamado é eterno, pois, NUNCA VOU DESISTIR de reencontrar a minha razão. Eu já vivi isso e foi tão lindo (...).
Foi minha paz. Meu reencontro festivo de um fim de tarde. A realidade dos meus dias em notas musicais que saiam das mãos de um velho mágico.
Minha última taça brinda a sua glória, nada pode ser mais sofrido e profundo do que o devotamento pelo meu homem, minha metade concreta, meu reflexo despido de mim mesma.
O amor é um estado de espírito que me conduz a sua eterna busca...
Guia-me nas noites solitárias e me carrega nos braços na hora da queda, como agora! O amor é indescritível e só por isso é a palavra mais cantada, contada e declamada em todas as línguas. Pobre dos que não o vêem. Pobre dos que necessitam de uma ilusão para se verem enamorados do amor. Pobre de ti que feriu tão belo sentimento com espinhos.
Eu não preciso de você! Eu tenho o meu segredo, e isso basta. O resto não me diz mais nada... O que significa este teatro dos fantasmas diante da nobreza dos meus sentimentos? Quem é você diante do meu sonho? Nem mesmo a vida ou a morte vai arrancar de mim a certeza do que vou encontrar.
Vou me enganar muito por ai... Mas vou te achar no mesmo lugar... Vou rezar agora, para ter a certeza de que, NUNCA, nada foi em vão. De que tudo valeu a pena o tempo todo. Até este "momento".
Amém .

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