quinta-feira, julho 17, 2008

É por você que canto!

“Quanto mais o tempo passa mais eu gosto de você, este seu jeito de me abraçar, este seu jeito de olhar pra mim, foi que fez com que eu gostasse logo de você, tanto assim! É por você que canto (...)”
Esta música embalou meus primeiros sonhos mais profundos, meu primeiro desejo de mulher, ainda criança, meu primeiro amor... Eram tardes inteiras escutando a melodia tema da minha descoberta feliz de mulher! Uma menina que se descobre mulher, uma fêmea que se descobre encantada com sua feminilidade latente e tão naturalmente ingênua, como toda natureza das coisas simples e belas, justamente por guardarem em si a pureza não corrompida da existência mundana.
Sim, eu sonhava através da tela, e fora dela também... Eu sonhava com os braços de um anjo tão mortal quanto intocável. Eu descobri a beleza, pela primeira vez, através dos olhos de outro alguém, que olhou o horizonte, ao menos uma vez, na mesma direção que eu.
Fui feliz, fui melancólica, chorei copiosamente por noites e noites, sonhei com nomes e datas, delirei com encontros e enlouqueci com desencontros. Vivi intensamente a magia das minhas descobertas de mulher... De menina.
Até hoje me vejo enternecida ao escutar esta melodia, talvez porque ela simbolize o meu retrato mais belo e puro diante da vida e dos sentimentos do meu coração.
Descobri que as palavras poderiam ser piegas e também dolorosamente desoladoras, mas encantadoramente belas e reais, como poesias suspensas no céu do outono.

Via teu rosto enfeitiçado na tela, a verdadeira face d’angelo, como raios de sol os cabelos eram lambidos pelo vento maroto, eu estava lá, contemplando meu doce veneno e perdendo-me no fel encantado da minha descoberta genuína.

terça-feira, julho 01, 2008

Tanto faz....

O que será de nós se venceres esta batalha desleal? O que será de mim se sucumbir aos pesadelos? O que serão das minhas esperanças se não tiver ilusões além mar... Por que será que estas coisas marcam tanto? Quem as escreveu desta maneira, a ferro e fogo, na pele sensível e frágil que mal suporta tamanha ingratidão.
Palavras gentis ferem mais do que tapas sinceros! Palavras gentis e legais são serpentes traiçoeiras, são poços de mágoas, são covardes, per si! Não, não faça isso! Ignore, xingue, grite, mas não me trate assim, tão escandalosamente bem e distante.
Cadê o meu escudo? Onde o coloquei da última vez? Pelo menos tenho os sonhos... Posso navegar acordada em minhas próprias histórias refletidas em alguma tela mágica, posso dormir e ir ao encontro dos anjos e dos demônios, para me esbaldar de vez nesta dança mágica e maligna que me entorpece, que me amaldiçoa e que me salva de mim mesma e deste mundo tão frio, destas pessoas tão gentis e civilizadas e das suas meigas palavras ásperas. Não me fira com esta lança, prefiro morrer na ponta da minha espada, mas não me faça ser indiferente, penso que te odiar já seja uma grande devoção, então, não me force a te colocar no baú das coisas simples e banais, das coisas que tanto faz!