quinta-feira, março 29, 2007

Pedaços de palavras...

Sinto tua falta. Falta da tua jovialidade, da tua força, da tua coragem.
Sinto medo de dormir no “escuro”, medo de “subir no muro”, de um escorregão em vão.
Tenho pena de tamanho desperdício. Pena de jogar fora o presente tão sonhado que, finalmente, conquistei.
Tenho vontade de ficar quietinha, caladinha, embaixo da cama, quase invisível esperando tudo isso passar.
Queria correr mais longe, me jogar na chuva, lavar a amargura que percebi no teu olhar.
Queria roubar tua voz, transformar o teu dia, refazer a tua vida todinha, só para te ver sorrir... Outra vez.
Poderia enfrentar o vento e todos os maus sentimentos se sentisse, de novo, aquele vulcão em meus pés.
Poderia correr mais longe, driblar meus medos e alcançar o topo do teu céu azul, como no dia em que eu era uma criança e mergulhava nas águas, feliz e encantada, por estares ali, bem diante de mim.
Poderia ser mais grata, mais recatada, se soubesse para onde devo ir.
Como posso descrever o que me paralisa agora, diante de mim, diante da vida, diante dos sonhos?
Como poderei adivinhar onde encontrar o meu tesouro, o meu coração, que nunca sabe por onde vagar?
Queria voltar a pegar estrelas, caçar vaga lumes e andar na chuva. Queria reviver cada noite na minha gruta, com os meus anjos, entre todos os santos que me disseram amém.
Onde ficou o teu sorriso? Onde te acho novamente, paraíso? Aonde vais com tanta pressa?
“Todas as noites quando eu me deitava, eu sentia você, no vento, nos meus pensamentos, dentro do meu coração. Todas as tardes suadas nas quadras, no meio das “estradas” eu via a tua mão, cada sinalização, me dizendo para continuar, para não parar... Jogar com o coração. Todas as vezes que pequei foi por acreditar nas profecias que alimentaram o teu eterno amor por mim. Todos os dias quando eu abro os olhos, rememoro cada segundo que estive ao teu lado, em teus braços, no teu chão... Te dando o meu coração”

domingo, março 18, 2007

"(...) Cedo ou tarde isso pode acabar(...)"

Sabe aquela hora onde todas as razões escapolem por entre os dedos e afundam no buraco mais profundo à sua frente? Sabe aquela impotência que te amarra, de forma quase material, ao chão e a única coisa que te resta é ajoelhar e rezar?
Sabe todas as certezas que você aprendeu nos livros, nos cultos, construindo a sua personalidade entre amigos? Pois é, elas não resistem a menor constatação de fragilidade diante da vida... Diante da morte.
Por mais crédula, resignada e racional que eu possa ser diante da vida e às suas leis, não há como não me sentir, apenas, como uma simples mortal perdida e apavorada por sentir que alguém muito caro, muito raro, muito meu pode me dar “aquele adeus”.
E quem sou eu para fazer queixas e dar chiliques diante da vida? Ligo a minha TV e vejo a impunidade imperando nas ruas, as maiores mazelas do mundo matando cada criança só com o olhar. Vejo a crueldade espalhada durante quilômetros de crueldade e... Vejo todos sobrevivendo a este caos como zumbis, de olhos fundos e distantes, corações pequenos e amarrotados, alma amontoada de “por ques”.
Mas eu sei que “Deus não é tão mal assim”.
Sabe quando não adianta saber as razões e as explicações porque, mesmo assim, você não se conforma de ter que dizer adeus às histórias que compuseram a sua própria história? O seu próprio Eu?
É irracional este sentimento, até porque, é só sentimento. Não há razão, ponderação.
É só emoção, sensação e saudade...
“Cuidarei eternamente das nossas conversas, das nossas lembranças juntos, dos momentos que construímos através do amor fraterno e desinteressado de pai e filha. Cuidarei para sempre da tua melhor imagem, da tua melhor memória, das tuas belas glórias e o farei imortal através dos meus”.

domingo, março 11, 2007

"my witch"

Estava lendo sobre bruxaria, magia, fantasia. Acredito em todas as vidas passadas. Acredito que nada se acaba, assim como o sonho confuso e gostoso desta tarde. Era tão bonito aquele lugar! Amplo e cheio de espelhos refletindo o azul claro da tarde que estava indo embora...
Estava buscando algumas respostas, alguma formula ou macete para despertar a minha tal consciência interior. Estava debruçada, mais uma vez, sobre o famoso sono egoísta e acabei esquecendo de trabalhar a minha paz. Sem querer encontrei artigos falando sobre almas gêmeas. Por um lado é tão romântico, poético e mágico... Mas acreditar que durante toda a eternidade viverei na errante busca de te achar, chega a ser sádico demais. Embora eu viva, inconscientemente, nesta espera quase feliz.
Encontrei algumas fotos, imagens e dizeres que me recordaram a época em que era mais assídua com relação às buscas espirituais. Só esta constatação já me fez respirar mais em paz.
Paz... Saudade da sua definição em meus diários adolescentes. Saudade de acreditar que era só crescer mais um pouquinho que logo ia alcançar o seu eterno e seguro estado de glória. Saudade de simplesmente... Acreditar.
“Don’t let me fall again. Please! Don’t let slip all my child’s dreams. Hold me forever inside of the empty swamp. I always feel so cold without you. I always feel the “darkness” in the other side. There, nothing makes sense when I close my eyes and feel the cold raindrops falling on me. There, I can see you run away when the rain is done!”

quinta-feira, março 08, 2007

"Old chair"

Eu sou parte de um plano secreto. Sou parte de uma sagrada família de tão simples mortais. Sou tão nobre e fútil quanto qualquer dama, qualquer profana.
Passeei durante noites inteiras buscando sentido para perguntas sem respostas. Nunca retornei para casa com as verdades, mas cheia de vontade de “continuar”. Fiz os rituais mais importantes da vida de uma mulher, do jeito que aprendi na infância, do jeito que li nos livros, do jeito que a minha mãe me ensinou um dia.
Levantei do meu leito adormecido e vim agarrar um pouco da minha vontade de materializar a mim mesma através de “cegas” palavras sábias.
Já reli e revivi os meus piores dias. Já consegui domar os mais destrutivos impulsos e sublima-los de forma a transformar esta força em algo realmente útil para mim.
Quem sabe um dia, “lá na frente”, estarei sentada na minha old chair contando “aquelas” histórias e estórias que aprendi a cultuar durante toda a minha vida? Quem sabe nesta hora eu não possa, de fato, acrescentar algo aos meus queridos descendentes? Esta é a minha melhor imagem de uma velhice feliz...
Vejo o meu orgulho, o meu herói sumir no vento e se transformar em um esboço, uma sombra do que foi um dia e penso: se ele tivesse “aquela” old chair poderia se fazer imortal através dos seus ouvintes ávidos por se redescobrirem no passado de ancestrais tão importantes quanto casuais em nossas vidas. Eu seria a primeira da fila, não perderia uma única tarde de revelações que trazem mais respostas acerca de nós mesmos do que o próprio futuro.
Aprendi que todas as vezes que olhamos os astros nos céus estamos, apenas, rememorando o nosso passado, a nossa origem, de forma que a única coisa que os “adivinhos” fazem ao olhar para o céu e “adivinhar” o nosso passado, a nossa origem.
“...E nós também somos poeiras de estrelas” como todos os fósseis catatônicos que flutuam, aparentemente, sem sentido por ai. Talvez este seja o caminho, o grande enigma! Voltar ao passado, fazer o caminho de volta para, quem sabe, desta forma, descobrir o futuro?
Enquanto isso eu vou sentar no lugar mais alto da montanha e calmamente espiarei todo o caos ao anoitecer. É tão claro enxergar isso agora: somos apenas vultos aleatórios e aparentemente sem sentido que por uma necessidade instintiva de sobrevivência, nos “organizamos” involuntariamente e de repente tudo se encaixa!