quarta-feira, novembro 16, 2005

De Olhos Fechados

Estava sentada. Pelo telefone confirmava o que eu tanto temia e sentia. Estava profundamente triste, que nem a música da despedida. E nos momentos mais mágicos e mais intensos me vi diante de antigas e infinitas duvidas. Havia aquela hora de falar, de querer falar, de ter que falar, mas não havia como falar... Porque não havia palavras. Como então poderei mostrar o meu "tesouro"? talvez ele não exista para ser mostrado. Talvez ele, sequer, exista ainda. É estranho ver todo o sentido de uma vida "partir" e tudo passar a ser nada. Nada mais existe. Até as lembranças traem, porque nunca, nunquinha mesmo, conseguimos agarrar uma sensação e preservar a sua emoção. Sinto tanto sono agora, sinto tanto em não poder "existir" mais, ali, no meu cantinho secreto.
Havia um piano. Sim, havia uma coisa estranhamente magnética em tudo aquilo e, ao mesmo tempo, assustadora. Nada é real e as vezes de olhos fechados posso enxergar melhor cada pintura, cada tela, cada traço. De olhos fechados posso escrever em meu livro e ler o que nunca foi escrito. Meu Deus! É absurdamente desleal essa cobrança! Eu não sei quando foi que permiti que as coisas ficassem assim! E, eu ainda fico cantarolando mil coisas, escutando uma infinidade de músicas e fugindo sempre para uma delas... Para algum lugar onde eu saiba quem sou eu. Onde eu possa ser eu. Apenas isso.
Sempre acreditei em todas as preces e ainda me vejo anestesiada sem poder escrever, sem saber falar, sem conseguir mostrar o maldito segredo que queima dentro de mim. Eu nunca vou te perdoar, não porque eu seja assim, tão má, mas não sei ainda adestrar meu coração, que insiste em se partir em cada maldito silêncio. Mania infantil de ter que ser! Não quero mais ser nada disso! Quer saber? Vou sair daqui a pouco com minha máscara mais bonita e delirar em meus castelos cheios de castiçais e velas queimando cada pedaço de papel que insiste em eternizar palavras que não significam mais nada. Aliás, está tão confuso tentar falar o que grita dentro de mim agora. Acho que vou deitar e rezar, para quando acordar, saber que eu estive lá. Em cada chão azul.
Eu lutei para ser forte, na verdade, eu acreditei que seria, mas, a cada dia, vejo que a minha fortaleza não reside nas minhas idéias. Infelizmente elas não tem importancia alguma para ninguém!
Eu apenas quero que a orquestra continue e que o homem que eu amo seja para sempre amado(...) Mesmo que distante.
Não queira, meu querido, fazer-me acreditar no inacreditável. Não queira, meu amigo, fazer-me lutar pela derrota certa. Não queira, meu anjo, forçar-me a viver, mais uma vez, sem ti!

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei muito legal seu post. Legal não, melhor usar outra palavra, maravilhoso. Gostaria apenas que falasse mais sobre esse piano. Quem sabe um post somente sobre uma certa noite com um piano?